Tempo bom era quando a gente achava que os robôs eram bacanudos.
Tinha o do seriado “Perdidos no Espaço”, que pressentia o perigo e
salvava todo mundo. No futuro dos “Jetsons”, também dos anos 1960, a vida
automatizada parecia ótima e só prometia benefícios. Máquinas inteligentes
cuidariam do bem estar da gente o tempo todo. Mas aí veio “2001” com o sacana
do Hal 9000 pra botar uma pulga na orelha: e se esses robôs ficarem tão espertos
a ponto de se rebelarem? Depois veio o "Terminator". Aí fudeu geral! Máquinas no comando, bicho...
Bom. E se esse for o menor de nossos problemas?
Pra começar, isso não é mais "coisa do futuro". Esses “robôs inteligentes” já estão por toda parte. Tipo:
você liga pro seu banco, pra sua operadora de TV por assinatura etc e já não é
mais uma pessoa quem lhe atende direto. É uma máquina, que vai cumprindo etapas
genéricas do atendimento assim, assim, assado... até que seja necessária (ou
não) a intervenção humana. É o melhor exemplo que me ocorre de como a
inteligência artificial (IA) atua em nosso dia-a-dia. E tem um troço que me assusta aí.
Há tempos a indústria e o agronegócio crescem investindo pesado em tecnologia
de automação. No setor automotivo, por exemplo, etapas inteiras das linhas de
montagem ficaram com cada vez menos interferência humana. A rigor, é isso que a
tecnologia faz com mercado de trabalho – substitui pessoal, em busca de
eficiência em processos produtivos, com economia em custos operacionais e
despesas trabalhistas.
Com a inteligência artificial que taí a coisa não funciona diferente,
não. A CB Insights, uma empresa que presta consultoria e pesquisa de mercado
nos EUA, publicou dados assustadores. Na próxima década, pelo menos 10 milhões
de estadunidenses correm o risco de ficar sem emprego por causa do crescimento da
automação nas empresas. As áreas de serviço e de logística devem ser as mais
afetadas a cada inovação nas tecnologias de IA.
A mesma pesquisa aponta que outros cinco milhões de postos de trabalho,
ligados em especial ao comércio (onde softwares substituem centenas de milhares
de vendedores em carne e osso a cada ano) também correm um risco, só
considerado médio. É bem verdade que a expectativa é de que o mercado se adapte
e que outras profissões surjam, melhorando essa matemática aí. Mas os tempos
mudaram. As relações de trabalho também.
A velocidade das revoluções tecnológicas é absurda e o investimento em
IA, hoje, impulsiona centenas de Start Ups em todo planeta. Os bot softwares são capazes de reproduzir
e simular ações humanas em quase todas as áreas. Inclusive as criativas. Há
quem recomende que esses mecanismos auxiliem e não substituam. E há trabalhos
degradantes e perigosos em que pessoas podem muito bem ser substituídas por
robôs. A nanotecnologia, aplicada à
medicina por exemplo, pode salvar inúmeras vidas.
Ok, há mais coisas a considerar.
Apenas que não há estudos que apontem o impacto das novas tecnologias
de IA no mercado de trabalho, por enquanto. O que sabemos é que os robôs já
conseguem conversar, andar, fingir emoções etc. Um dia será corriqueiro ve-los
dirigir carros, pilotar aviões e fazer cirurgias, tudo sem interferência humana. Provavelmente, em breve, serão capazes de construir outros robôs mais
espertos ainda. Aliás, consta que já teriam conseguido criar até uma língua
própria – sendo, posteriormente, desligados pelo Google.
Será mesmo? Enfim.
Sabemos também que, a serviço de grupos pouco honestos, bots manipulam dados nas redes sociais,
interferindo nas vidas das pessoas. Tudo através de algoritmos que armazenam
dados pessoais à revelia dos usuários. Essas coisas absorvem e processam
conhecimento melhor e mais rápido do que os seres humanos. Essa eficiência dos
robôs define o sucesso dos negócios na era virtual, não importa se de forma
lícita ou não. Daí que se invista cada vez mais neles.
Fico pensando: essas empresas investem tanto para que robôs fiquem no
lugar das pessoas e esquecem que robôs não vão às compras. Será que elas pensam
sobre quem serão os consumidores do futuro? Quem se preocupa em garantir que a
gente que perdeu seus empregos por conta da IA será reposicionada no mercado? E
de qual mercado estamos falando, se nenhuma profissão está livre dessa
automação?
Fodão em futurologia, até o físico Stephen Hawking declarou ter certo medinho das máquinas espertas. Mas o buraco pra ele era mais embaixo. "Eu tenho medo de que a Inteligência Artificial substitua os
humanos por completo. Se as pessoas projetam vírus para computadores, alguém
irá projetar que IA possa melhorar e e se reproduzir. Esta será uma nova forma
de vida que supera os humanos", disse, em entrevista à revista Wired.
Muito antes de as máquinas se rebelarem, talvez trabalhadores famintos
resolvam partir pra cima delas. Talvez jamais saibamos - as mídias, velhas e
novas, já estariam comprometidas. Sabemos que alguns sites utilizam
dispositivos capazes de (re)produzir material jornalístico, substituindo
palavras e estruturas de acordo com o interesse do freguês. Daí as Fake News, daí a tal Pós-Verdade etc etc
etc. Este texto mesmo, agora mesmo, pode estar sendo escrito por um robô.
Quem garante que não?.. que não... garante... não... garante... que...
gar... bzzzzzzzzz
Por Bob LeMont (ou não)
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