29/05/2018

O ATAQUE DAS CATUABAS SELVAGENS




Não se sente bem. Talvez tenha a ver com aquelas várias garrafinhas de Catuabas Selvagens, ingeridas nas últimas horas.

- Malditas Catuabas Selvagens! - pensa.
 
Sala escura, esfumaçada.

Foco de luz de lâmpada no rosto do sujeito com olhos de Capitu. A mulher não para de dar baforadas no cigarrete mentolado, enquanto olha bem na fuça do depoente. Genésio até podia sentir aquele olhar desconfiado, fixo nele. Inclusive, enquanto tomava água para hidratar as cordas vocais. Boca seca. Pelo tempo, de tanto falar.

E segue o depoimento.

- O senhor então... confirma, né?..
- Confirmo! Confirmo, sim, senhora! – responde, com convicção, mas ofegante. Está nervoso.
- Deixa entender... eram dois...
- Dois. Enormes!
- Não, - para, lê  o depoimento transcrito - o senhor disse lá... no comecinho... que eles eram pequenos...
- ...e que cresceram na medida em que sentiram que eu não tinha medo deles... rá... tá querendo me pegar em contradição, né?

A mulher olha mais uma vez nos olhos dele, demonstrando extrema frieza. Deu nova tragada funda no mentolado e prosseguiu.

- Como era a... nave... mesmo?
- Grande, reluzente!  Emitia uma luz linda, sabe? Um tom meio azulado.
- E seu carro... né?... travou...
- Travou, sim, senhora! Mas travou de um jeito muito estranho. A parte elétrica toda parou...
- ...sei...
-  ...e eu vi uma luz! Uma luz, sabe??? Mas eu achei que era carro que vinha atrás e já ia até pedir ajuda.
- Aquela hora da noite, né? Perigooooso...
- ...perigooooso! Mas, no que eu saí do carro, eu vi!
- Viu o quê?
- A nave, uai. Falei já, uai!
- Ok! Ok! Só confirmando...
- A nave enorme, paradona ali... na minha frente...
- Aí... desceu a dupla?
- Foi, sim, senhora...
- Duas figuras... assim... – tenta mensurar alturas com gestuais... mão mais em cima, depois mais embaixo..
- Falei pra senhora: eram pequeninos depois cresceram. Coisa de alien.
- E como você sabia que eram aliens?
- Porra, duas figuras descendo duma nave espacial, com aquelas caras verdes,  os olhos do tamanho de bolas de sinuca... seriam o quê? – responde, demonstrando impaciência.
- Mantém a calma que o negócio não tá bom pro seu lado não, senhor.
- Desculpe! Desculpe, senhora! Me excedi.

Outra baforada. 

- Desceram da... nave... e...
- Desceram, começaram a me estudar. Eu não senti medo não, sabe? Dois tampinhas daqueles. Mas, de repente, os dois deram uma crescida! Aí eu assustei...
- Assustou...
- Assustei, sim, senhora... e pedi pra não me matar! Falei “pelamordedeus, que eu tenho mulher e dois filhos pra criar...”
- Entendi...

 Malditas Catuabas Selvagens!
 
- E pra não fazer nada comigo! – e conta, quase sussurrando - Porque eu sei que eles gostam de fazer umas coisas aí com os seres humanos e tal...
- O que é que eles gostam? – quer saber, também quase sussurrando.
- Ah, eu vi no canal Discovery lá, uai. – explica, já em tom normal - Eles enfiam uns troços no corpo da gente. Pesquisa né? Mas eu falei que “aqui não!” Fui bem claro com eles, sabe?
- Certo.
- Aí eles me deram um líquido, dizendo que era pra eu me acalmar, que eles não iam fazer nada comigo e tal...
- ... e depois disso, o senhor não lembra mais de nada... o senhor declarou antes...
- Isso! Nadica de nada. Eu apaguei. E só acordei hoje de manhã.
- Desse jeito aí....
- É...
- Com essa cara de ressaca?
- É.
- ...
- Foram as drogas espaciais que eles me deram. Muito fortes. E eu já olhei, tá? Chequei se tinham enfiado alguma coisa em mim e tal...
- Felizmente, né?, não...
- É... felizmente!, tudo certo. Foi só susto mesmo.
- O senhor então... foi abduzido!
- Fui, sim, senhora!
- É essa a história?
- É, sim, senhora!

Jogando a guimba de cigarro na testa do depoente, acendendo a luz da sala pra olhar bem na cara daquele bêbado sem vergonha.

- Na semana do carnaval, seu Genésio?!
- Oh, meu amor...
- ...“meu amor“é o cacete!.. ainda é “Senhora minha esposa dona Mafalda” pra você, caro senhor da safadeza!!! Cinco dias sumido e me vem com essa?

Os dois se calam por instantes. Respiram, ofegantes. A Mafalda por causa do cigarro, o Genésio por conta pressão mesmo, daquele tempão todo tentando convencê-la da história. Mesmo que - talvez - ele não estivesse sendo 100% certo sobre ela... 

Pensando bem...

Os dois aliens poderiiiiiiiiiiiam ser,  na verdade, dois gringos imensos de altos... que desceram, tipo, de um trio eléééééééééétrico... tavam chapados, desceram pra vomitar. E que eles poderiam – poderiam! -  ter visto, sim,  aquele cara... tão bêbado quanto eles... com problemas no carro... se aproximando. E se levantaram – estavam ajoelhados, botando os bofes pra fora - pra dar uma moral.

As fantasias que usavam talvez – apenas talvez - fossem de ETs mesmo. E - quem sabe? - a Catuaba Selvagem que ele havia tomado antes (a ponto de não conseguir dar partida no carro), tivesse ajudado a dar um realismo, assim, ao visual dos caras? E pode ser – pode ser! - que houvesse ainda mais Catuabas Selvagens com os gringos.

- Malditas Catuabas Selvagens!- não para de pensar...

Daí que pode ter rolado aquela parceria, aquela empatia irresistível, daquelas que só mesmo no carnaval. E no fim, todos poderiam, sim... ter subido a bordo do trio elétrico das luzes azuladas... e eis que todos sumiram - e tal e coisa - folia adentro.

Mas quem acreditaria numa história dessas?

Onze da manhã, ele mal dormira a semana toda. Aquela situação tinha que acabar. Genésio olhou bem fundo nos olhos da esposa. E com a mesma veemência de antes, que só mesmo os maridos encurralados conseguem manter, não teve dúvidas.

- Pô, Mafaldinha! Se fosse nos Estado Unidos ninguém questionava, né...
- ...
- ... e ainda virava filme! É claro que existe vida em outros planetas! E é claro que eles viriam ao Brasil ver o Carnaval...
- ...
- ...e tomariam muita catuaba sel...
- Genésio...
- ..vagem.. geladinha... gostosinha...
- Genésio!
- ...
- Vai deitar, Genésio. Amanhã a gente conversa.

A Mafalda só deixou a DR pra mais tarde porque também estava morta de cansaço. Afinal, havia chegado da farra um pouquinho antes do “abduzido”. No “disco voador” das 9h. Só não lembrava de absolutamente nada.

- Malditas Catuabas Selvagens!


por Bob LeMont

22/05/2018

TRISTE, TRISTE




Ah, os desajustados. É legal, sabe?, ver essa turma lutando bravamente para se misturar com a multidão. Mas a tal da resistência com mudanças atrapalha.

Até na hora do baralho.

- Você vai ou eu?
- O que... vou aonde? É pra jogar a carta agora?
- Calma!!! Ahahahaha – risadas nervosas - Pode jogar, mas... você... ehrr... tem...?
- Ahm? Oh, Manolo... tenho o quê?
- Olha bem pra mim... olha.. ó... ó...
- Cê tá doido? Que isso, bicho?
- Que isso o  quê?!
- Tá com problema no olho?
- Pôrra, Ernesto... a gente não combinou?
- Combinou o que, gente?
- Cês vão ficar conversando ou vão jogar?
- Assim eu não jogo mais...
- Calaboca, oh cês dois!!! Pereira! Pancinha! Tô aqui conversando com meu parça Ernesto, pôrra...
- Deixa os caras, Manolo.. quer um colírio aí, velho? Cê não para de piscar...
- Pôrra, Ernesto... o combinado era: tem zap, pisca uma vez... tem sete de copas, pisca duas! Caralho! Parece doido!!!
- Ah, mas aí ...
- “Aí” o quê???? “Aí” o quê????
- Ah... aí é trapaça, poxa...
- Caralho, Ernesto!!! Pra mim chega!!! – e sai da mesa o Manolo, jogando as cartas no chão e quase trombando na churrasqueira. Puto.

Tá cada dia mais difícil achar um parceiro de Truco pro Ernesto, o honesto. E ele adora, diz que ((sic)) distrai.

Mas pior é o caso da Jana. Louca com seriados.

- E aí, Jana?
- Opa, beleza!
- Tem uma série ótima que você não pode perder!!!
- Sei. A do mané lá que é preso por roubar um banco, né... eu vi a chamada...
- Isso! Tá estreando hoje! Eu sei que você é doida com série! Bora ver lá em casa?
- Tá, mas...
- O quê?

Primeiro leva as mãos ao próprio rosto e para por alguns segundos. Respira fundo. Depois segura firme nas mãos da amiga e assopra. Lança aquele olhar tristinho, decepcinado.

- Não foi ele que roubou o banco, não... foi o amigo...
- Pôrra, Jana! De novo!?

Jana, a cigana. Fã de seriados, mas assombrada 24h por spoilers.

Triste, triste.


Por Bob LeMont

15/05/2018

O QUINZE E O NOVE



Por ter conquistado o título Brasileiro de 1971, o Atlético Mineiro pode disputar a Copa Libertadores da América do ano seguinte como um dos representantes tupiniquins. O outro acabou sendo o São Paulo, vice-campeão, que o alvinegro havia derrotado por 1 x 0 no Mineirão. O Botafogo do Rio era a terceira equipe candidata a uma das vagas, mas acabou ficando de fora. Foi eliminado em pleno Maraca pelo time de Minas, com um gol antológico de um certo Dadá Maravilha.

Aquele que, assim como helicópteros e beija-flores, parava no ar.

Era o ano de 1972 e os brasileiros acabaram ficando na mesma chave dos representantes paraguaios. Os mineiros depositavam em Dadá Maravilha a esperança de muitos gols. Difícil. Naquele tempo, a Libertadores era jogada na base do "vigor físico". Leia-se "na porrada" - até porque o futebol brasileiro sobrava tecnicamente ao sul do Equador. Quando Atlético e Olímpia se encontraram, não foi diferente não. Em Belo Horizonte, num jogo bastante violento, houve empate por zero a zero. 

Dias depois, era a vez de os atleticanos jogarem na capital paraguaia. 

Na bola, o futebol do alvinegro de Minas prevaleceu: fez dois a zero rapidamente. O folclórico Dadá até havia feito um dos gols. Parecia que o Atlético tinha o jogo sob controle. Vai daí que os paraguaios  começaram a distribuir patada. Oldair, lateral-direito do Atlético, declarou que levou chute até de soldado na beirada do campo - já pensou? Clima terrível, que tendia a piorar. Os atleticanos não se intimidaram. 

Começaram a dar porrada também.

Daí que o juizão, o chileno Lorenzo Cantillana, só via deslealdade do lado brasileiro. E cismou de expulsar jogadores do Atlético. Não poupou ninguém. Ronaldo  - que fizera um dos gols atleticanos - e o zagueirão Grapete já haviam rodado. E o Dadá decidiu tomar as dores e foi reclamar com o juiz. Acabou sendo expulso também. O Atlético ainda teria mais dois atletas com cartões vermelhos e perderia pontos por falta do número mínimo de jogadores.

Mas não sem antes de mais uma artimanha do Dadá.

A péssima iluminação do Estádio Defensores Del Chaco mal permitia uma boa visão do jogo, que dirá do que acontecia em volta. Fora do gramado, o banco atleticano via os adversários dando pernada. Com jogadores a menos e com a ajuda “caseira” da arbitragem, o Olímpia acabou empatando a partida. Diante daquele 2x2 safadinho, alguém chegou pro Dadá Maravilha e disse:

- Esse jogo tá uma bagunça, mesmo! Ninguém tá olhando nada! Toma, veste essa camisa e volta pro campo... 

E Dadá, que fora expulso com a 9, voltou a campo com a camisa 15.

Na primeira bola que chegou em seus pés de artilheiro, o atacante soltou uma bomba na direção do gol. A pelota, caprichosamente, explodiu no travessão. Dadá acredita piamente que a baliza está balançando até agora, tamanha a pancada. Os jogadores do Olímpia tomaram um susto, mas notaram que o Atlético estava com um a mais no jogo. Desesperados, os paraguaios começaram a gritar para o soprador de apito do Chile: 

- Ei, ei! O 15 é o 9! O 15 é o 9!

Gritavam e apontavam pro “cara de pau” alvinegro, que acabou expulso do jogo mais uma vez. Novo recorde na carreira de Dario José dos Santos, eterno Dadá Maravilha: além de parar no ar (tal e qual helicópteros e beija-flores) e de ser o único jogador na história do futebol a marcar 10 gols em uma única partida (Sport 14 x 0 Santo Amaro, pelo campeonato pernambucano de 1976), paira sobre ele um dos feitos mais notáveis do futebol mundial.

Único jogador do planeta a ser expulso duas vezes numa mesma partida.


por Bob LeMont

08/05/2018

SEM LUGAR


"isso de querer ser
exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além"

Leminski



Eu em Minas.
Chega o Outro, belo-horizontino.

- E aí, carioca?
- Oi?
- Tudo "manêêêêêêêro"??? "Podexxcrer"???? Tá "craudibrô"?

Eu vivo em BH há mais de 30 anos, o que é mais de metade da minha vida. Mas o carimbo de "Carioca Forever" às vezes surge na minha testa - o que é verdade, mas soa meio que "sabia que você não é daqui?" Meio que te excluem, sabe?

É chato.

E parece que para o mineiro, em geral, imitar o jeito carioca de ser é reproduzir um estilo de quem vive na praia e fala gírias de surfista da Zona Sul... 

- Eu nunca surfei na vida, bicho. E faz décadas que eu moro em Minas... então...
- ...que isso, meu brooooooother!!!!! 

Aquele amigo sacana... quando quer encher seu saco, lembra de tudo...
 
- Mas fala, vascaíno! Beleza?
- Vascaíno, não.. eu sou cruzeirense...
- Rá!!! Mas já torceu pro Vasco!
- Na minha infância, pôxa... minha família mineira morava longe e eu era criança... meus colegas de colégio eram todos vascaínos... eu fui na deles...

Mas não adianta falar sério.
O povo não perdoa!

- ...então... tá certo, uai!!! Carioca torce é pros times do Rio mesmo...
- Mas eu não...
- Não é carioca?.. nasceu no Rio de Janeiro é carioca, não é?
- É, eu nasci no Rio sim...
- Então! E aí, carioca!?

E detectam um sotaque que você achava que já tinha se extinguido.

- Fala de novo!
- Fala o que, bicho...
- Fala!
- Bosta...
- Alá!! Cês ouviram o "x"? "Boxxxxta"???

Não há o que dizer. Mas a gente tenta. 
Porque sente as coisas de um jeito diferente do que estão dizendo, sabe?

- Putz, mas eu moro em Minas desde 1984... morei primeiro em Juiz de Fora...
- "Xixxxx de Fuóóóóra"... "ixquiiiina do Rrrrriu"?????

Mineiro da capital imitando os mineiros de JF falando, é mais ou menos assim.
Acha que eles são "cariocas do brejo"!!!

- ... e moro em BH desde 1986...  tenho mais tempo de MG que de RJ...
- Não interessa! Não interessa!

***

Eu, no Rio. Chega o Outro.
Não o primeiro. É outro Outro, carioca da gema.

- E aê, mineirim?

Carioca não fala "E aí?", fala "E aê?" 

E se você saiu do RJ pra morar em outro lugar, já era. Perdeu a cidadania. Mesmo com tanto tempo fora, ser tratado como forasteiro onde a gente nasceu é meio chatinho também.

- Oi?
- Minearo, párra... tu gosta dum "queijim"... acha tudo "bunitim"...

Porque carioca de verdade chama "mineiro" de "minearo"... não fala "pôrra", fala "párra"... e adora zoar o sotaque alheio, sabe?

Aquele sotaque, que eu ainda não perdi em BH, também não achei no Rio.

- Papo ruim, hein? - eu podia ter dito "que páia, véio!", mas ele não iria entender...
- Não, pôa! Aix coisax são axim merrrrrmo - tu mora ondie? 

Carioca bota "a" onde não tem, "i" onde não existe, "x" em qualquer lugar e não flexiona o verbo quando usa a terceira pessoa do singular... ah! E não fala "meixxxmo" - fala "merrrrrmo", "merrrrrmão" e tal...

- Bicho! Eu moro em Beagá...
- Que demaixxxx, mermão... então tu é minearo, párra... é ou não é?
- Bom, eu moro em Minas desde 1984... mas eu nasci no Rio...
- Ahhh.. já virou minearo, mermão... que gosta dum "queijim"... acha tudo "bunitim"!!! Não interessa! Não interessa!

Sento no meu canto e vou ouvir verdades de John, Paul, George e Ringo:

"He's a real nowhere man / Sitting in his nowhere land /
Making all his nowhere plans for nobody"
 
Apenas.
por Bob LeMont

01/05/2018

A VOLTA DO CARA NO ESPELHO


 (Não deixe de ler o primeiro post de O CARA NO ESPELHO)

O banheiro finalmente disponível, vou lá para garantir as obrigações com o asseio. Nosso encontro diário está para acontecer. O cara no espelho me espera.  

Mas algo mudou.

Ele, óbvio, estava lá. Só que... diferente. Estava... nossa... maravilhoso! Lindo, com um belo semblante, uma tez corada, olhos brilhando. Uma boa forma invejável. E o cabelo? Rapaz, que cabeleira linda, sedosa, loira. Nem um fiozinho branco aparente. O cara no espelho estava radiante, confiante, com um certo ar superior. 

Trocamos olhares, brevemente.

E, veja você. Do nada, o cara no espelho começou a agir de modo estranho. Olhava pra mim de cima até embaixo, tocava o abdômen sequinho e malhado com olhar de desaprovação. Parecia não achar o penteado certo. Cortou-se na tentativa de fazer a barba, que estava sensacional. Balançava a cabeça, como se desaprovasse o que via. E, num gesto final, cobriu o lado dele no espelho com uma toalha.

Desgraçado!

Um dia eu pego o cara no espelho. Quem ele pensa que é? Quando estava mal, tinha a mim como referência pra tudo. Agora que melhorou de vida, me rechaça? Me renega? Não é possível. O cara no espelho não tem gratidão, não sabe dizer obrigado por tudo de bom que fiz por ele em tempos ruins em que eu estava sempre ali, disposto a ser seu modelo, sua inspiração.

Maldito!

Um dia eu vou invadir o universo do cara do espelho. Darei uma lição do que é realmente importante. Que não devemos ser escravos das aparências. Elas enganam. E muito. O cara no espelho é prova disso. Esse pano na frente não muda nada. Eu continuo aqui. Do jeito que eu sou. Ele não vai atacar minha autoestima. Nunca mais. O cara do espelho merece levar uma surra por se achar tão bom. Pensando bem, melhor malhar um pouco antes.

Você não viu aqueles bíceps. Uau...


Por Bob LeMont

LINGUA

A língua, esse pedaço de carne cercado de gente por todos os lados.  A turma da biologia vai dizer que ela não passa de um processo muscular...