Por ter conquistado o título Brasileiro de 1971, o Atlético Mineiro pode disputar a Copa Libertadores da América do ano seguinte como um dos representantes tupiniquins. O outro acabou sendo o São Paulo, vice-campeão, que o alvinegro havia derrotado por 1 x 0 no Mineirão. O Botafogo do Rio era a terceira equipe candidata a uma das vagas, mas acabou ficando de fora. Foi eliminado em pleno Maraca pelo time de Minas, com um gol antológico de um certo Dadá Maravilha.
Aquele que, assim como helicópteros e beija-flores, parava no ar.
Era
o ano de 1972 e os brasileiros acabaram ficando na mesma
chave dos representantes paraguaios. Os mineiros depositavam em Dadá
Maravilha a esperança de muitos gols. Difícil. Naquele tempo, a
Libertadores era jogada na base do "vigor físico". Leia-se "na porrada" -
até porque o futebol brasileiro sobrava tecnicamente ao sul do Equador.
Quando Atlético e Olímpia se encontraram, não foi diferente não. Em
Belo Horizonte, num
jogo bastante violento, houve empate por zero a zero.
Dias depois, era a vez de os atleticanos jogarem na capital paraguaia.
Na
bola, o futebol do alvinegro de Minas prevaleceu: fez dois a zero
rapidamente. O folclórico Dadá até havia feito um dos gols. Parecia que o
Atlético tinha o jogo sob controle. Vai daí que os paraguaios
começaram a
distribuir patada. Oldair, lateral-direito do Atlético, declarou que
levou chute até de
soldado na beirada do campo - já pensou? Clima terrível, que tendia a
piorar. Os atleticanos não se intimidaram.
Começaram a dar porrada também.
Daí
que o juizão, o chileno
Lorenzo Cantillana, só via deslealdade do lado brasileiro. E cismou de
expulsar
jogadores do Atlético. Não poupou ninguém. Ronaldo - que fizera um dos
gols atleticanos - e o zagueirão Grapete já haviam rodado. E o Dadá
decidiu tomar as dores e foi reclamar com o juiz. Acabou sendo
expulso também. O Atlético ainda teria mais dois atletas com cartões
vermelhos
e perderia pontos por falta do número mínimo de jogadores.
Mas não sem antes de mais uma
artimanha do Dadá.
A péssima iluminação do
Estádio Defensores Del Chaco mal permitia uma boa visão do jogo, que dirá do que
acontecia em volta. Fora do gramado, o banco atleticano via os adversários
dando pernada. Com jogadores a menos e com a ajuda “caseira” da arbitragem, o Olímpia acabou empatando a partida.
Diante daquele 2x2 safadinho, alguém chegou pro Dadá Maravilha e disse:
- Esse jogo tá uma bagunça, mesmo! Ninguém tá olhando nada! Toma, veste essa camisa e volta pro campo...
- Esse jogo tá uma bagunça, mesmo! Ninguém tá olhando nada! Toma, veste essa camisa e volta pro campo...
E Dadá, que fora expulso com a
9, voltou a campo com a camisa 15.
Na primeira bola que chegou em
seus pés de artilheiro, o atacante soltou uma bomba na direção do gol. A pelota,
caprichosamente, explodiu no travessão. Dadá acredita piamente que a baliza está
balançando até agora, tamanha a pancada. Os jogadores do Olímpia tomaram um susto, mas notaram que
o Atlético estava com um a mais no jogo. Desesperados, os paraguaios começaram a gritar para o
soprador de apito do Chile:
- Ei, ei! O 15 é o 9! O 15 é o
9!
Gritavam
e apontavam pro “cara de pau”
alvinegro, que acabou expulso do jogo mais uma vez. Novo recorde na
carreira de
Dario José dos Santos, eterno Dadá Maravilha: além de parar no ar (tal e
qual helicópteros e beija-flores) e de ser o único jogador na história
do futebol
a marcar 10 gols em uma única partida (Sport 14 x 0 Santo Amaro,
pelo campeonato pernambucano de 1976), paira sobre ele um dos feitos
mais
notáveis do futebol mundial.
Único jogador do planeta a ser
expulso duas vezes numa mesma partida.
por Bob LeMont
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