(Não deixe de ler o primeiro post de O CARA NO ESPELHO)
O banheiro finalmente disponível,
vou lá para garantir as obrigações com o asseio. Nosso encontro diário
está para acontecer. O cara no espelho me espera.
Mas algo mudou.
Ele, óbvio, estava lá. Só que...
diferente. Estava... nossa... maravilhoso! Lindo, com um belo semblante, uma
tez corada, olhos brilhando. Uma boa forma invejável. E o cabelo? Rapaz, que
cabeleira linda, sedosa, loira. Nem um fiozinho branco aparente. O cara no
espelho estava radiante, confiante, com um certo ar superior.
Trocamos olhares, brevemente.
E, veja você. Do nada, o cara no
espelho começou a agir de modo estranho. Olhava pra mim de cima até embaixo,
tocava o abdômen sequinho e malhado com olhar de desaprovação. Parecia não
achar o penteado certo. Cortou-se na tentativa de fazer a barba, que estava
sensacional. Balançava a cabeça, como se desaprovasse o que via. E, num gesto
final, cobriu o lado dele no espelho com uma toalha.
Desgraçado!
Um dia eu pego o cara no espelho.
Quem ele pensa que é? Quando estava mal, tinha a mim como referência pra tudo.
Agora que melhorou de vida, me rechaça? Me renega? Não é possível. O cara no
espelho não tem gratidão, não sabe dizer obrigado por tudo de bom que fiz por
ele em tempos ruins em que eu estava sempre ali, disposto a ser seu modelo, sua
inspiração.
Maldito!
Um dia eu vou invadir o universo
do cara do espelho. Darei uma lição do que é realmente importante. Que não
devemos ser escravos das aparências. Elas enganam. E muito. O cara no espelho é
prova disso. Esse pano na frente não muda nada. Eu continuo aqui. Do jeito que
eu sou. Ele não vai atacar minha autoestima. Nunca mais. O cara do espelho
merece levar uma surra por se achar tão bom. Pensando bem, melhor malhar um
pouco antes.
Você não viu aqueles bíceps.
Uau...
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