24/06/2018

BOB NA COPA (13) - GESTOS E JEITOS

Diego (Argentina), Yekini (Nigéria) e Laudrup (Dinamarca): no grito, na rede, na grama

MOSCÔSOVO, RÚSSIA - 23 JUN 2018 - E a FIFA, certamente, vai punir Xhaka e Shaquiri por causa de uma comemoração indesejada. Por causa de política. Não está acompanhando a história? Tô linkando uma reportagem sobre isso bem aqui, pra não deixar você boiando. 



Parece que é proibido.

Uma pena isso acontecer. Em outros anos, quantos e quantos gestos entraram para a história das Copas do Mundo, independentemente do que a FIFA achava. Sempre houve jogadores trazendo um jeito diferente para expressar sentimentos nem sempre nobres


 
O camaronês Roger Milla em 1990 e o italiano Balotelli em 2014: o corpo fala mais alto

Fossem de cunho político, apenas comemorações ou até mesmo para fins publicitários, essas manifestações explícitas fizeram história. Algumas, realmente, foram de lamentar. E muitas, muitas mesmo, tiveram brasileiros como protagonistas.

Vale um review:



Nas Copas de 1934 e 1938, as saudações nazista e fascista consagraram os regimes totalitários dos dois países. Alemães e italianos levariam o mundo a uma guerra global pouco anos depois. 


Em 1958, o capitão da seleção brasileira celebrizou o título mundial na Copa da Suécia de um jeito inovador. A pedido dos fotógrafos, Belini ergueu a taça Jules Rimet, para que pudessem registrar o momento. Ele então ergueu o caneco acima da cabeça, segurando com as duas mãos. E acabou inventando uma comemoração imitada até hoje a cada Copa.




Ladislav Petras fez o sinal da cruz, comemorando o gol marcado contra o Brasil na Copa de 1970. Um gesto que confrontava o regime totalitário da Tchecoslováquia, que proibia a religião.


Pelé imortalizou o soco no ar após cada gol. Uma comemoração imitada até hoje por muitos jogadores.




Reinaldo comemorou seu gol contra a Suécia na Copa da Argentina, em 1978, com o gesto revolucionário que consagrou os Black Panthers dos EUA. Era o futebol em raro momento de protesto contra a ditadura no Brasil. Ele nunca mais voltou a jogar na seleção.



Em 1994, comemorando um gol contra a Holanda, Bebeto homenageou a esposa e o filho Matheus, recém-nascido, com os companheiros Romário e Mazinho.



Ainda na Copa dos EUA, a seleção brasileira costumava comemorar gols com o gesto que remetia à campanha publicitária de uma cervejaria.



Esse gesto não é novo e a comemoração fingindo um telefone (ainda) não aconteceu na Rússia. Mas, nas eliminatórias - que fazem parte da Copa do Mundo -, não sofreu qualquer tipo de sanção. Mesmo com uma operadora de telefonia móvel patrocinando o jogador.



Cristiano Ronaldo tem um estilo todo próprio de comemorar seus gols - mas o que terá sido afinal o gesto imitando um bode? Uma simples aposta, como afirma, ou uma zueira contra o Messi - vencedor do prêmio GOAT (bode) do futebol? 

A FIFA não parece interessada em checar fairplay.

Mas quer punir gestos políticos, como se ela mesma não estivesse enterrada em escândalos que envolvem políticos de todo planeta. Uma pena, de verdade. Vale a festa dos habitantes do Kôsovo, registrada pela AFP, que se sentiram representados tanto na vitória como no gesto em favor da  libertação de seu povo. Podem calar jogadores, comissão técnica, dirigentes.

Mas um povo inteiro? A FIFA não consegue.








ATUALIZAÇÃO: na segunda-feira, 25, a FIFA decidiu multar os jogadores.



Bob LeMont
certamente, é o pseudônimo de alguém
 

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